sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O ipê-rosa


Brincar debaixo de um ipê-rosa é quase impossível!  É passear por jardins com vestidos róseos claros, acompanhada de flores onde as pétalas se rindo do frescor do vento correm mansas até o chão.
Os pássaros, numa algazarra festiva, numa viagem de galho em galho... E uma menina de olhinhos negros – arredondados ­­– num largo sorriso, sentada no capim verde rasteiro debaixo do ipê.
Ela toda deslumbrada com o movimento das nuvens, salpicando o branco por cima da árvore. O sol, de olho em tudo, passa devagar... Viajando a pé... Realçando as cores do ipê.
Então, a cachorrinha late que o sol esquentou.  A garotinha olha, olha as flores no alto, com brilhos nos olhos, e com a boneca nas mãos _ Ahn! _ Sobe a calçada da casa e fica na varanda: “Quando o sol se esconde, Pretinha?”
A cachorra dócil, ronda a criança, balança o rabo, após deita o corpo no chão de ardósia, assenta a cabeça por cima das patas, sem nada dizer e fica bem quieta.
Apenas a menina, com sua boneca, de voz baixa, os olhos no ipê-rosa. E fica ali na varanda, inventando um mundo _ onde flores são fadas e bonecas são princesas... ­ _ E o sol no céu azul caminhando... caminhando...

domingo, 14 de novembro de 2010

Larva de borboleta


A floresta, cheia
De sons e verde
Que se misturam
Nos elementos
Confusos
Do olhar alegre
De uma larva de borboleta
E como numa escola
O animal ganha familiaridade:
Entretons do chão
Sabor de coisas
Calor da terra
Perfume de flores
E o bater do vento nos galhos
Então os pezinhos
Numa folha de urtiga
Ficam abraçando-se
No tapete dos pelos
Enquanto a boca sente fome
(Hum, que frescura!)
Buss-buss- buss
E come sem enfastiar
Mas como o dia se mudava
Pois o sol estava tinindo
A larva foi-se
 Arrastando-se por aí

domingo, 17 de outubro de 2010

Onde está o gatinho?


Então o ouvido da menina
Percebeu um som
Como um choro de criança
Ficou de pé no banco
Para descobri-lo
Correu os olhos por todos os lados
Debruçou-se para baixo
Na ponta dos pezinhos
Sustida de curiosidade
E numa expressão de medo
Dois olhinhos bem abertos
Descobriram os dela
E o corpinho de pelos
Encolheu-se mais ainda
Debaixo do banco
Miau-miau, miau-miau
A menina encheu-se de dó
E ficou quietinha sentada
Também com vontade de chorar

sábado, 25 de setembro de 2010

Flores e Crianças



As flores brancas
Como as crianças cheiram
A amanhecer
De um silêncio
E amplidão
Que chega a ser
Impossível
Meu coração
Não sentir
O céu tão puro.
Em certas manhãs,
Inclino meus olhos
                       Para o nascente                       
Com os pensamentos
Sobre a vida
Como se estivesse
Ouvindo uma canção
Do meu jardim.
O dia assim me parece
Entregue numa bandeja
Cheia de azul
De larga paisagem
Com ramos de todas as cores.
E fico como que
Só existissem
Crianças e flores.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Pequenas coisas


É de manhã
Uma flor se aventura
Lilás e cheirosa
Por entre o verde
Há em redor uma festa
De botões vermelhos
Que dançam com o orvalho
Ou seria água de um regador?
Uma voz doce melodiosa
Vinda de um lugar de perto
Dentro dela há sóis claros
Trá  - lá - lás
E um cheiro de outras flores
Da menina que vem sempre
Nunca pega um botão ou flor
Apenas inventa histórias...

domingo, 29 de agosto de 2010

Mar

O mar tem tardes
de vozes de criança
e o sol bate-lhe nas águas
tais dourados sonhos!
Não muito longe,
deve haver um barquinho
com ares de quem vai
ganhar o oceano...

Crianças da foto: Neno e Gui- netos da Chica

Identidade

Foto Google
Abrindo janelas nas nuvens,
uma águia voa alto
e o vento rodopia
lentamente
rindo-se encantado
dos rumores das asas.
E o céu azul
torna-se um mundo
de imensos mistérios
onde não se sabe
quem é águia
quem é vento...
Eu sou borboleta!

domingo, 25 de julho de 2010

Um baú de histórias

 
         A chama do candeeiiro arde sem forças; as horas do relógio na parede contam os minutos para a casa toda escurecer. e a menina no tic, tac sem vontade de dormir... O quarto triste com ar de solidão...
        Pediram-lhe que dormisse cedo, de um modo tão carregado de ternura, que lhe abate a alma não obedecer. e senta-se na beirada da rede e coloca as mãozinhas em oração, num gesto de amor...
      Os grilos pararam a cantoria na parede. e num movimento involuntário, os olhos fogem-lhe da razão e vão bulinar num velho baú... ainda balança a cabeça, querendo deixar o corpo no lugar, mas uma coisa estranha a elva a se levantar...
       Era como se um pássaro voasse em seus pés... abrindo asas de boquinha aberta de tanta curiosidade!... Senta-se no chão, à meia-luz da lamparina, e ergue a tampa do velho baú de sua avó...
e os olhos se enchem de fantasia. uma bailarina numa caixinha de música... tropeçando no tapete do quarto, os pezinhos delicados cheios de espanto de tudo, mas sem medo. e há chapéus... moças numa praça, fugindo do sol, de roupas de pregas, segurando as saias fugindo do vento. Outra caixinha pequena toda estampada de flores... uma espécie de melancolia gruda na menina: De quem era aquele anel pequenino? por que o mar é tão azul numa pedra sem vida? e vê peixinhos esverdeados... ou eram dourados?
       Estende as pernas no chão, com as mãos cheias de botões... agulhas a correr nos furinhos, sobre renda, atravessando sedas, algodões branquinhos, tecendo bordados... os olhinhos de uma boneca de pano, olhando para todos os lados, com expressão de quem sabe tudo... "Tão bonita! Tão desejada!"
      Um lencinho cor-de-rosa! Tinha o nome da avó escrito em letras miudinhas... com um floreado. Não sabe dizer uma história... ergue com mansidão o lenço e o cheira... fechando os olhos. "Era da avó... quando menina!" Só então nota: Crinaças com suas risadas brincando num jardim de céu anil, flores amarelas de sol, um carrinho de pipocas... na porta da igreja com homens e santos.. Uma menina subindo e descendo os degraus da igreja... "Oh! A lua a se esconder...!"
      Levanta-se apressada! Os objetos caem-lhe para qualquer lado. "Não foi nada, não foi nada... ", alguns querendo dizer...
     E então, lembra-se da hora de dormir. Guarda tudo no baú encantado. e como o candeeiro está quase se pagando, deita-se na rede com ar de quem tem um baú cheio de histórias...

sábado, 12 de junho de 2010

A borboleta e a flor


Era um dia qualquer na mata
Folhas a choramingar
Molhadas pelo orvalho da noite
Um gavião velho
Ainda com sono
No alto do angico
Esquece-se dos passarinhos
A estradinha tombando pro riacho
A embrulhar o vento
No capim verde em puro descoramento
Uma raposa em passos ligeiros
No dia já claro
Ensaiando risos na barriga
Do jantar nos campos
Nessa harmonia toda
Chega uma borboleta
Feito um beija-flor
Voa e para em pleno ar
Dá boas-vindas ao vento
Na manhã tão azul
Espia com carinho
Amarela no meio do capim
Nada de interessante
Mas a natureza é feiticeira
Dentro do verde
Aparece uma violeta
Com seu vestido lilás
Feliz, bem feliz
A borboleta dança
Nas saias da flor.

sábado, 15 de maio de 2010

Foto Google
Coelhinho Branco

O mato molhado suja-lhe as patinhas
brancas sobre o dia nascente
são nuvens de algodão
presas no corpinho pequeno
bre, bre, bre
bebendo da água do capim
(abana a cabecinha endireitando
o pensamento para explicar à mãe)
pula cuidadoso para lá e para cá
acende o rabinho
e o vento afetuoso
sobe-lhe pelas empinadas orelhas
esquiva-se de uma florzinha
de boca sorrindente
(podia lamber-lhe o pelo
e tingi-lo de lilás)
subitamente os olhos verde-cinza param
no ar murmurante da manhã
voa um passarinho
feito alma de poeta
empurrando um gorgeio
no céu cheio de sol
assustado o coelhinho
volta para casa.

sábado, 20 de março de 2010


 Foto Google
A lagartinha Vivi

A lagartinha Vivi
Sentou numa cadeira de gravetos
Ficou ali esperando o sol abrandar
De repente, ele se escondeu por trás de uma folha
Muito depressa Vivi sapateou pelo chão
A balançar seu traseiro
E se foi aproveitando a sombra
Não queria perder sua cor verde-limão

sexta-feira, 19 de março de 2010



Foto do Google
Traquinagens de Pepe

Pepe é um preá pequeno
Todo dia de manhã
Ele sai para tomar banho de sol
Outro dia ele viu o Senhor Cupim
Guardando uns sacos de pó de madeira
Para o inverno
Pepe ficou bem quietinho observando

Quando o sol entrou pela porta do cupinzeiro
E todos foram descansar
Pepe enfiou o focinho na terra
Cavou um túnel até o salão de pó
Entrou de mansinho
E rasgou o saco em que o Senhor Cupim guardara
Com tanto cuidado o alimento
Foi pó para todo lado!
Tof, tof, tof! O cupinzeiro acordou com tosse
Pepe saiu correndo aos risos

Mas o pai de Pepe não gostou da brincadeira
Colocou-o sentado num banquinho
De castigo pela traquinagem

sábado, 20 de fevereiro de 2010

A ESTAÇÃO FANTASMA

Era uma vez, uma cidadezinha em que o trem deixara de trafegar. O nome da cidade era Piracuruca e lá a estação ferroviária passou a ser esquecida. Perto dela, havia uma velha casa onde morava uma família: o pai, a mãe e os quatro filhos pequenos; uma menina de longos cabelos negros e três meninos que adoravam caçar tatus com o pai.

      Essas crianças eram de uma curiosidade ingênua; por que não tinha televisão nem vídeo game na época. Num fim de tarde, eu que eles estavam sozinhos em casa, seus pais haviam saído para buscar lenha no mato, resolveram brincar na calçada sombreada na frente da casa.

       A menina resolveu ir junto para levar sua boneca a um passeio vespertino. O sol se derramava laranja por detrás do telhado da estação. A menina se chamava Mimi; tinha seis anos e não podia ver algo diferente que ficava a apontar e a pular de alegria. Ao ver o colorido solar ela gritou aos irmãos que queria pegar no sol quando este caísse na calçada larga da estação. 


      Era uma criança estranha; sempre via pássaros conversando, flores sorrindo, abelhas cantando e até as formigas, segundo ela, estavam discutindo um dia quem era a mais forte para transportar uma folha que caíra num vento agitado da amendoeira no quintal da casa.
Os irmãos sempre sorriam nessas ocasiões; porém, naquele dia a menina dos cabelos negros não se conteve de ansiedade para tocar o sol e começou a correr em direção à abandonada estação. Aos meninos, só restou correr atrás.

      De repente, Mimi estacou. Seus pés começaram a tremer, seguidos do restante do corpo. Os irmãos olharam e vieram-lhe em socorro. Neste momento, ouviram os sons agitados por trás da porta antiga e gasta da estação. Alguma coisa a arranhava com unhas finas e grandes. Podia-se sentir a madeira sendo raspada: Croc... croc... croc.. em ritmos crescentes...

      Quando João, o menino mais velho, conseguiu sair do torpor inicial começou a empurrar a velha porta na direção de fora para dentro. Os irmãos que também costumavam ir caçar tatus no mato e não tinham medo de assombração o ajudaram. Apenas a menina se agarrava a sua boneca com um olho tão apertadinho de medo que todos lhe olharam compreensivos.

      Ufa!... A porta se abriu! Passou apresado por eles um cachorrinho de rabo ligeiro e foi se esconder numas tábuas perto da menina. Os olhinhos do animal tinham um ar assustado; mas havia algo mais: um sorriso de alívio. Agora estava livre!  E desandou a correm em volta dos meninos.

     Então, as crianças levaram-no para casa e deram-lhe água e um nome: Tatu.

     E todos foram brincar felizes enquanto os pais chegavam para contar do novo amiguinho.
   

sábado, 16 de janeiro de 2010

Pensamentos de criança





Quando a criança balança a mão
Os olhinhos riscam torres no ar
Tão brandos... Silentes... Feitos anão...
Sem mágoa no olhar... Só o anseio de amar...


E fica ali... Alargando a vida
Com as mãozinhas ternas tal poeta
Em movimentos de tranças... Perdida
No espaço! Arremessando uma peteca


Para a lua! Um sorriso com covinhas
Vendo o invisível brinquedo voar (...)
Sentido toda a ternura de amar!


Como se a vida em brincadeirinhas
Pudesse ser um suave momento (-)
Uma doce esquivada do tempo!



terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Brincadeira de criança e poesia


Em horas da brincadeira
A criança descobre os tons da fantasia (:)
Esconde- esconde num jardim de flores...
Vermelhas brancas azuis
Em pétalas sorrindo (pura emoção!)
Deixa-se ser buquê numa inocente imaginação
E os olhos curumins borboleteiam
Nos braços do farol (mágico) do sol
É um baile de alegria!
Onde mora o sonho? Há uma festa no ar?
Confetes e serpentinas enfeitiçam 
O coração de quem se prende
Nos versos escritos na poesia...
... De uma brincadeira infantil.