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Era uma
lagarta pequena, pequena, que morava na mangueira. Vivia presa ao tronco para ficar perto das
outras. Mas à noite, sempre passeava dentro de uma folha, que fosse linda e
aconchegante e sustentada por um galho bem viçoso.
Realmente do
que ela mais gostava era de uma folha macia, como um tapete novo, para acamar os
pares de patinhas. Seus pelos eram
grandes e brancos que ficavam cuidadosamente em pé, como para esconder um pouco
do verde da pele.
Durante as
noites, sentava-se no meio de uma folha, espichava mais ainda os pelos,
esperando que ficassem como espinhos sedosos, talvez por isso fossem frágeis. E,
após comer um pedaço da folha em que estava (Haveria comida melhor? Não
conhecia.), suspirava e caminhava: patinhas para um lado, patinhas para outro
lado... Era uma graça!
Quando enchia
a barriguinha, deixava-se ficar dentro de uma folha... O sorriso largo no
rosto, conversando com as outras lagartas. E ficava quieta, ouvindo o nascer do
dia, quando assim caminhava até o tronco da mangueira com seu grupo de amigas.
Então, houve
uma noite que passou veloz e trouxe o dia num piscar de olhos... E a lagarta
ficou um pouquinho mais deitada na folha...
_ Esta folha
tão boa! Vou dormir só mais um minutinho...!
E ficou mais
tarde... Há como o sol chegou quente!... Alguns galhos sem folhas deixaram
passar os raios... Que vieram como filetes brancos, bulindo em todos os
lugares... Seguiram pelas folhas que estava a lagarta (bem encolhida
comprazendo-se da maciez de uma folha...) e foram aquecendo-a... Que seus pelos
ficaram como fogo...
A lagarta
esticou as patas de súbito: quase caiu da folha!
Por sorte, seus
pelos ajudaram-na a ficar presa (quem os tocasse veria um líquido muito
viscoso)... E ela levantou os olhos: tons de madeira, de galhos secos... e
assustados... sem compreender...
_ Fogo, fogo,
fogo...
Suas patinhas sob
um corpo mole voltaram para o caminho do tronco. Os olhos corriam de um espaço
a outro, buscando um percurso mais curto. E ela se foi, rebolando, rebolando,
erguendo bem os pelos, sobre o tórax.
Se ela
detestou o sol? Ela corria rápido, pelo medo dos raios do sol. Mas podia-se ver
o brilho reluzente nos pelos sedosos, como se soltassem fogo.
E já de volta
ao tronco, vagarosamente a lagarta foi se acalmando e deitou-se quieta.